Uma poema da espetacular poetisa baiana, Myriam Fraga:
Desenho o teu perfil
Como um bordado:
Matiz e labirinto.
Uma anca abaulada,
Um pé suspenso
E a preciosa cabeça
De encantado.
Passeias nos meus sonhos,
Nos meus bosques
De sombra e solidão.
Solitário também
E assustado:
Tão delicado risco
- Elfo e onagro.
***
Nunca virás a mim.
Por mais que espreites
(E te espreite),
Não virás.
Desejas no entanto
Meu regaço.
Mas nunca o terei nos braços.
...Nunca o doce
Calor de seu pelo,
Nunca o suave
Parafuso do chifre...
- Que linha furiosa nos separa?
Neste jogo de espelhos,
Divididos,
Nos buscamos em vão.
Não me escutas,
Nem voltas a cabeça.
Nem eu atiro o laço.
Olá, amigos!
Hoje completamos 300 textos publicados nessa homepage, com a inclusão de alguns textos: O DELEGADO é um miniconto, baseado em fatos reais, escrito em homenagem a um colega de trabalho que já não vejo há muito tempo; POEMÚSICA, A PALAVRA CANTADA, é um ensaio extraído da minha dissertação de pós-graduação em Literatura Brasileira; O CORDEL NÃO SE RENDE, um texto que elaborei naquele curso; A LUA E EU, um antigo miniconto de ficção científica, embrião de uma história maior, que nunca chegou a ser desenvolvida e VIDA E OBRA DE TAKAKARA NOMURO, minha bem-humorada homenagem póstuma a um grande amigo, filósofo e escritor.
Um abraço.
Hoje foram acrescentadas, na resenha 100 LIVROS RECOMENDADOS, as referências às obras citadas no livro "GUIA DE LEITURA, 100 autores que você precisa ler", organizado por Léa Masina.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.
Ruy Barbosa
Assista trecho lido por Rolando Boldrin:
http://www.rolandoboldrin.com.br/video/