28/03/2007 23h15
MAIAKÓVSKI
Filho de um guarda-florestal, o poeta Vladímir Maiakóvski nasceu na Geórgia em 1893. Depois da morte do pai, em 1906, a família — ele, a mãe e duas irmãs mais velhas — mudou-se para Moscou. Lá, estudante, desenvolveu interesse pela literatura marxista e passou a tomar parte em atividades do Partido Social-Democrático Operário Russo, ao qual depois se filiou.
Maiakóvski foi preso três vezes sob a acusação de atividades subversivas. Mas, por ser menor de idade, livrou-se da pena de deportação. Em 1911, entrou na Escola de Belas Artes, onde, com outros artistas, deu início ao chamado movimento cubo-futurista russo. Em 1914, por causa de suas atividades políticas, Maiakovski foi expulso da Escola de Belas Artes.
Após a Revolução Socialista, em 1917, o grupo futurista aderiu ao novo regime. Maiakóvski dedicou-se à propaganda pela consolidação do novo Estado. Escrevia e desenhava cartazes de campanhas sanitárias, publicidade de produtos etc. Em 1923, ele fundou a revista LEF, que pretendia reunir "a esquerda das artes". Ou seja, artistas de esquerda que desejavam ser revolucionários também no plano artístico. Mas, ao longo dos anos 1920, a inquietação do poeta começou a incomodar a crescente burocracia do novo regime.
Envolvido em desilusões políticas e desapontamentos pessoais, Vladímir Maiakovski matou-se com um tiro em abril de 1930. (fonte: poesia.net)
A PLENOS PULMÕES
(Trecho final)
Camarada vida,
vamos,
para diante,
galopemos
pelo quinqüênio afora.
Os versos
para mim
não deram rublos,
nem mobílias
de madeiras caras.
Uma camisa
lavada e clara,
e basta, —
para mim é tudo.
Ao
Comitê Central
do futuro
ofuscante,
sobre a malta
dos vates
velhacos e falsários
apresento
em lugar
do registro partidário
todos
os cem tomos
dos meus livros militantes.
Dezembro, 1929 / janeiro, 1930
(Tradução: Haroldo de Campos)
Publicado por Goulart Gomes
em 28/03/2007 às 23h15