Prezado Luís Filipe:
Primeiramente, agradeço pela sua atenciosa leitura do meu texto e pelo seu comentário. Procuro respeitar todas as opiniões, ainda que não concorde com as mesmas, desde que apresentadas com critério, conhecimento e respeito. Este é exatamente o caso em questão. Ainda que discordando da sua opinião, pelos motivos que apresentarei, agradou-me a sua argumentação, tanto que pela primeira vez colocarei a minha resposta a um comentário também em meu site.
Acredito que ter certezas é uma consequência do nosso amadurecimento. Um Homem sem certezas é uma folha de relva ao vento, flutuando ao sabor das ideias, sem pouso certo. Para fazer uma resenha eu necessito ter certeza do que escrevo, tanto para assegurar-me daquilo em que acredito, como para seduzir o leitor quanto à minha opinião. Assim o fazem todos os escritores que se prezam. Após ter lido tantas centenas de livros, não poderia de deixar de ter certezas: certezas quanto ao que gosto, quanto ao que me agrada, quanto ao que é bem escrito, quanto ao que é universal, mesmo sendo local. Como digo no texto introdutório a esta lista, aqui se trata de uma opinião pessoal, sem pretender ser absoluta. É a MINHA lista, suporteada pela opinião daqueles que sabem muito mais que eu. Todos nós jugamos, classificamos, adotamos ou rejeitamos, o tempo todo, seja uma cor, uma fruta, um vinho ou um livro. E também, ainda que inconscientemente, classificamos, hierarquizamos, adotamos o que nos faz bem, rejeitamos o que não nos interessa. É preciso ter certeza do que se quer, para poder fazer escolhas.
É verdade que, com o passar do tempo, a escala de valores da Literatura se modifica. Mas não esqueçamos do Cânone Universal. Existem obras, como o Dom Quixote e Hamlet, que são atemporais, ultrapassaram os séculos, tornaram-se imortais. Minha lista é um cânone pessoal, mas nem ela mesma absoluta, uma vez que passível de modificações.
O autor de O Ex-Mágico é, realmente um dos nossos maiores escritores, tanto que o seu conto Botão-de-Rosa está na minha lista INCONTÁVEIS CONTOS ESSENCIAIS. Enfim, não sigo um padrão universal, pois creio que ele nem mesmo exista. Apenas expresso minha opinião livremente, como você fez, e para isso é preciso "ter culhões". É preciso "ter culhões" para estabelecer um padrão próprio. É preciso 'ter culhões" para ter certezas. É preciso "ter culhões" (ou ovários) para defender ideias próprias.
Um abraço.