Volto a Brasília, dezenove anos depois, mais uma vez graças à Literatura. Em 1989, para receber a medalha Cruz do Mérito Cultural, concedida pelo Clube Literário Brasília. Agora, em 2008, para participar do Festival Nacional de Música SESI, como letrista da música Quanta-Coisa, de autoria de Cal Ribeiro.
No primeiro contato que faço, coincidentemente, a mesma piada sem graça: “baiano não tem pressa”. Quando será que abandonaremos nossas referências estereotipadas e midiáticas, abrindo nossas mentes para a intrincada teia de relacionamentos e sincronicidades a que chamamos Vida?
Antes de chegar ao hotel, um jantar com pessoas que já não conheço. E será que conhecemos, mesmo, alguém? Será que conhecemos a nós mesmos? Somos os mesmos que éramos há vinte anos? Heráclito dizia que ninguém entra duas vezes no mesmo rio: o rio não é o mesmo, nós não somos os mesmos, nesse rio que chamamos Vida. Senti-me sentado à mesa das personagens de George Orwell, no último capítulo de A Revolução dos Bichos.
No dia seguinte, a integração com os demais participantes do Festival. Pessoas de todas as idades, de todas as classes sociais, de todas as partes do Brasil, de todas as cores, torcendo, vibrando, sofrendo, lutando e, sobretudo, aprendendo, juntas. Que coisa maravilhosa! Jamais senti um clima de tamanha fraternidade em um ambiente cultural, habitualmente cheios de egos e vaidades.
O SESI organizou um evento fantástico, de altíssimo nível e com uma estrutura para nenhum pop-star botar defeito. Na final, apresentação de Gabriel o Pensador e show de Zélia Duncan. Um elogio em particular a Catarina Laborda, coordenadora do SESI Bahia, por toda a sua atenção para conosco, únicos representantes do nosso estado. Foram 40 selecionados, dentre mais de 300 inscrições, o que para nós já é um prêmio mais do que significativo.
Durante o city-tour, uma parada no Museu Nacional, onde assistimos a belíssima exposição sobre a arte e cultura de Moçambique.
Para completar, almoçamos com três dos mais representativos poetrixtas de Brasília, que estão conosco desde os primórdios do Movimento Internacional Poetrix, do qual são coordenadores estaduais: Pedro Cardoso, Tê Soares e Hércio, além da nova amiga Gláucia, que nos presentearam com um maravilhoso “papo” sobre música e literatura.
Eu sei que este texto está cheio de superlativos, mas não poderia ser diferente com essa cidade, em que tudo se bifurca. Brasília é grande. Ou, talvez, nos faça parecer pequenos... Saudades de todos.
(na foto Tê, Hércio, Gláucia, Pedro e eu)