CERRADO
CERRADO
mesmo os destroços mais velhos
te são novos
os caroços das tardes
nas esquinas
os ciscos das patas, nos olhos
o galope do tempo
pelos postes
...
estes riscos de raios
eletrocutando os sons:
um silêncio de morte fecundando a vida nestes poros
volante assombro mata
— estrelas nas cabeças;
estampidos nos cerrados —
há flores nos pés de mandacaru
páginas vivas no aquário
e um gosto inflamável de adrenalina
troteando as glândulas
...
mesmo os caroços do tempo me são doces
pendem dos postes
irrompem num prenúncio de madrugada
Goulart Gomes
Enviado por Goulart Gomes em 09/03/2007